Os degraus levavam sempre
ao reencontro das velhas amizades. As mochilas ficavam amontoadas no canto da
pequena escada, perto do chão, como se ainda estivessem no primeiro período. Já
notava-se, nos pés, a mistura de responsabilidade e jovialidade das jovens
amigas: sapatilhas sociais e tênis “All Star” completamente desgastados.
Sete olhares saudosos,
mas também ansiosos para saber as novas experiências de vida, principalmente
após um longo feriado:
– A gente quer saber da
sua viagem, Júlia! – gritou a empolgada Elisa.
Bárbara, cortando a
resposta da amiga, tentou animar o grupo:
– E eu quero saber quando
a gente vai combinar de ir pra lá! Vamos em dezembro!?
Todas começaram a falar
ao mesmo tempo para tentar achar um final de semana para a viagem. Perceberam
que não conseguiriam ficar juntas e tentaram definir algum programa de
despedida de final de ano, afinal três das belas moças ficariam fora do país
por quase um ano.
Nenhum assunto durava ali. Nenhum momento era longo o suficiente. Pequenas gotas de chuva
aterrisaram nos cadernos jogados e os corpos inertes, jogados na escada,
iniciaram o movimento de partida. “Melhor irmos logo. Já passou da hora da aula
e vai ser horrível a gente entrar atrapalhando. Sempre acontece isso.”
Toda vez que se sentavam
ali, perdiam a noção do tempo. Aos poucos, foram deixando o espaço e caminhando
em direção à sala. Deixaram para trás só os pequenos pingos d’água que agora
molhavam a escada; um dia deixarão as lágrimas de saudade desse ponto de
encontro que ainda as une de alguma maneira, mesmo que entre os apressados 20
minutos de intervalo.